Das carruagens aos tempos do GPS

Carroças! Assim decretou o então Presidente da República referindo-se aos automóveis que eram fabricados no Brasil. Concordemos ou não com ele, o fato é que depois de 22 anos ainda existem dois modelos daquela época sendo fabricados por aqui.
É inquestionável que passadas mais de duas décadas, muita coisa mudou no mercado automobilístico. Aceitávamos, sem resistência, a garantia de “de 1 ano ou 12 mil km”. Hoje em dia as garantias das montadoras podem chegar a respeitáveis cinco anos, sem limite de quilometragem. Sistemas de Gestão da Qualidade, os famigerados SGQ, contribuíram muito para a melhoria dos veículos. Sistemas propulsores (powertrain) já eram garantidos por três anos na década de 1990. Os conjuntos de embreagem podem durar até 100.000 km, dependendo da maneira de conduzir o automóvel. O mesmo acontece com alguns elementos das suspensões. A aplicação intensa de sistemas de monitoração e controle eletrônicos aumentou consideravelmente o desempenho dos veículos e o conforto dos usuários. Até a trivial troca de óleo teve os intervalos ampliados sobremaneira, dos jurássicos 3.000 km para os atuais 20.000 km. Aumentar ao máximo o tempo entre as paradas de manutenção dos veículos tornou-se um atraente argumento de vendas das montadoras.
Se a qualidade dos automóveis atingiu patamares que nos remetem ao melhor da ficção científica, o mesmo não se pode dizer do estado das “vias” por onde nossas cintilantes obras-primas tecnológicas trafegam. Em tempos de GPS (Sistema de Posicionamento Global, na sigla em inglês), as nossas ruas e estradas pouco mudaram desde os tempos heróicos dos grosseiros calhambeques. Os responsáveis pela construção e conservação dessas pistas de obstáculos, com sua absurda variedade de buracos, valetas e lombadas chegaram ao atrevimento de criar um eufemismo para justificar sua falta de competência: obstáculos transversais (v. Resolução CONTRAN n. 039, de 1998). Inconveniências gramaticais à parte, o fato é que a precariedade do pavimento causa riscos à segurança pessoal e patrimonial além de prejuízos materiais, ao diminuir a vida útil projetada de diversos componentes dos sistemas de freios e suspensões, pneus e até da carroceria, devido ao excesso de torções do monobloco. Com a devida licença do atual senador, as vias públicas continuam mais apropriadas a toscas diligências do que requintados automóveis. Não é por acaso que a propaganda insiste em apresentar veículos apelidados de “fora-de-estrada” vencendo bravamente os mais difíceis terrenos…
Sejam quais forem os motivos – desgaste natural, esforços excessivos, colisões, intervenções mal realizadas, condução inadequada, entre muitos outros – o fato é que os veículos precisam de manutenção, seja ela preventiva ou corretiva. E muitas vezes, a necessidade acaba se tornando um tormento. Preços exorbitantes, prazos não cumpridos, serviços malfeitos (eventualmente sequer executados), atendimento bisonho ou mal-intencionado. A lista de queixas do consumidor é extensa, e ele tem razão, é claro. Quando é necessária a substituição de componentes a situação se complica. O consumidor pode deparar-se com algo ainda mais nebuloso: alguém conhece as diferenças entre uma peça original, recondicionada ou “remanufaturada”? Parece um pouco hermético. As definições podem ser encontradas na NBR 15296:2005 da ABNT, disponível nas melhores livrarias técnicas da sua cidade.
Quando se trata da manutenção de veículos blindados o quadro apresenta ainda mais nuances. Por rodar com um peso às vezes superior à carga máxima para a qual foram projetados, esses automóveis são, naturalmente, submetidos a desgastes superiores aos dos não-blindados. Conjuntos de freios, suspensões, direção e até pneus são mais exigidos. Os sistemas de arrefecimento e climatização (afinal, um blindado não deve trafegar com os vidros abertos) requerem maiores cuidados. A integridade dos painéis balísticos deve ser rigorosamente monitorada. Delaminações e trincas nos vidros podem representar diminuição da proteção, por isso sua conservação e manutenção devem ser minuciosas.

A manutenção de blindados deve ser executada por profissionais especializados e dedicados exclusivamente a essa atividade. As intervenções devem ser realizadas a partir de protocolos previamente elaborados. A gestão dos processos deve ser conduzida por pessoal com vivência não apenas na indústria automotiva mas, sobretudo, na atividade blindadora. Isso garante qualidade e rapidez aos serviços. Afinal o usuário de um automóvel blindado não quer e não pode prescindir da proteção que seu veículo proporciona.

Alternativas existem. Nos últimos tempos algumas blindadoras, especialmente aquelas com maior viés industrial, veem adotando o modelo de concessionários de serviços, criado com sucesso pelas montadoras norte-americanas há mais de um século. Com isso podem dedicar tempo e recursos à sua atividade-fim. Esse sistema reduz consideravelmente o impacto financeiro gerado pela criação e manutenção de um departamento de pós-vendas, proporcionando maior comodidade ao usuário e, por consequência, fidelizando seus clientes.

Algumas sugestões para que a sua visita a uma oficina não se transforme em suplício: 1. Reduza em um terço as quilometragens recomendadas no Manual do Fabricante do veículo. 2. Faça a manutenção regularmente, em uma empresa especializada, gerenciada por pessoas experientes e competentes. Verdadeiros profissionais saberão como tratar de veículos, a um só tempo, tão necessários (nesses tempos absurdamente violentos) quanto primorosos.

Fonte: Portal da Blindagem

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