Perspectiva de crescimento é de 8%. Exército tem que autorizar fabricação

Se por um lado o aumento de violência causa prejuízos, para o setor da blindagem ele favorece. O segmento teve um boom nos últimos anos elevando em grande escala o número de fabricantes de material e montadoras de veículos blindados. A perspectiva de crescimento do mercado, somente para este ano, é de 8%.

No Brasil, os fabricantes de blindagem são mais de cem. Especialistas afirmam que os investimentos variam de R$ 200 mil a R$ 600 mil. Já o faturamento inicial pode chegar aos R$ 300 mil, dependendo do porte do negócio. São Paulo ainda domina o mercado, mas o setor no Rio de Janeiro tem crescido muito nos últimos quatro anos.

O presidente da Associação Brasileira de Empresas de Blindagem (Abrablin), Christian Conde, argumenta que outros fatores além de violência alavancam o setor.
“O maior poder econômico do brasileiro, acesso a financiamentos e empréstimos, baixo valor do dólar e avanço tecnológico dos materiais blindados são os principais fatores desta melhora do mercado”, informa Conde.

Certificação – O presidente da Abrablin destaca, ainda, que a certificação junto ao Exército brasileiro também favoreceu o crescimento do setor. “Em 2002, o Exército baixou uma portaria específica para o setor obrigando as montadoras de blindagens serem registradas junto a eles. Isso organizou mais o mercado que estava sendo prejudicado pelas empresas clandestinas”, explica Conde. Ele informa também que há exigências legais para o consumidor na hora da aquisição de um carro blindado.

“A pessoa não pode ter antecedentes criminais para comprovação junto ao Exército. O veículo tem ainda que passar na vistoria do Inmetro e do Detran”, explica.

Aquecimento na arquitetura

Na área patrimonial, a blindagem arquitetônica vem crescendo a cada ano uma média de 20%, com cerca de 150 empresas especializadas.
Para o presidente da Câmara de Blindagens Arquitetônicas da Abrablin, Emerson Mendonça dos Santos, o aquecimento no mercado de blindagem arquitetônica começou há três anos.
“Essa estimativa de 20% é até tímida. Acredito num crescimento ainda maior em função do volume de demanda deste produto no mercado. A Caixa Econômica Federal vem incentivando os donos de lotéricas a blindarem suas lojas para garantir a segurança dos clientes e dos estabelecimentos”, revela Mendonça.

Ele informa que há no Brasil cerca de 150 empresas que trabalham com blindagem arquitetônica.
“A maioria está em São Paulo, que é o mercado pioneiro e onde há a maior demanda. Contudo, o Rio de Janeiro (cerca de 10 empresas), Salvador, na Bahia, e Curitiba, no Paraná,  também são praças crescentes”, detalha  o presidente da Câmara de Blindagens Arquitetônicas da Abrablin.

Emerson Mendonça conta que o faturamento pode chegar a R$ 1 milhão. “Lógico que esses valores são de fabricantes que trabalham com o mercado varejista, mas uma empresa pequena não fatura menos de R$ 100 mil nesta área”. Ele avalia que o alvo dos criminosos chegou nas moradias e que atraiu outro mercado de segurança.

Manutenção também gera lucros

Há oito anos no mercado – situada num espaço de mil metros quadrados em São Cristóvão, Zona Norte do Rio –, a Safeguard Blindados faz uma média de 15 blindagens de automóveis por mês. A empresa tem um faturamento de cerca de R$ 750 mil mensais.

“Não é muito grande se comparado às altas despesas com o material e a mão de obra cara, por ser especializada. Nosso lucro líquido fica em torno de 15% (R$ 112 mil)”, informa Philippe Baldi, sócio da empresa.

Segundo ele, o mercado no Rio de Janeiro cresceu cerca de 300% nos últimos três anos. De três empresas para mais de dez a partir de  2007.

“Foi um boom motivado pelo aumento da criminalidade, mais particularmente por um fato muito triste que chocou o País inteiro: a morte trágica do menino João Hélio, em março de 2007. Só aqui na Safeguard tive que alugar dois galpões extras e contratar o dobro de funcionários para atender a demanda da época. De 12 carros por mês pulei para 42 veículos só naquele mês de março tamanha foi à repercussão do caso. No mês seguinte foram 31 automóveis para entregar. Mas com o crescimento de novas empresas de blindagens minha média voltou ao normal no ano seguinte”, comenta o executivo da Safeguard.

Clientes – A Emtec Blindagem, uma das maiores empresas de blindagem de veículos e patrimonial do País com cerca de 3 mil clientes ativos espalhados pelo Brasil, tem um faturamento médio de 30% líquido ao ano. Construtoras, bancos e Petrobras são seus maiores clientes. O empresário Anderson Lisboa, um dos sócios da Emtec Blindagem, afirma que a empresa teve um crescimento de 48% em apenas um ano.

“De 2009 para 2010 começamos a atender 59% do mercado de blindagem patrimonial do País e isso nos ajudou a obter um crescimento de 48% de um ano para o outro. Se não formos os líderes, estamos bem perto de ser. Há apenas quatro empresas nacionais de grande porte no Brasil nesta área e certamente estamos entre elas. Nosso diferencial é porque somos fabricantes e fornecedor final ao mesmo tempo. Isso acaba tornando nossos preços mais atrativos se comparado com a concorrência”, comenta Lisboa, informando que Emtec Blindagem adquiriu recentemente a MW3 Blindagem e a AR 1 Blindagem, duas grandes empresas do mercado.

Pânico – Segundo ainda Lisboa, o “quarto do pânico” está entre as principais encomendas na área da blindagem arquitetônica.

“O “quarto do pânico” é um cômodo blindado dentro de casa para os moradores se refugiarem em caso de assaltos e tentativas de sequestro. Na empresa chamamos de célula de segurança.  Guaritas de condomínios também são muito encomendadas”, disse.

Serviços – Ana Paula Mansueto da Prosafety, de São José dos Campos, interior de São Paulo, informa que o forte de sua empresa são os serviços de manutenção de blindagem.

“Como somos uma pequena empresa do interior de São Paulo, realizamos apenas de três a cinco blindagens por mês. Entretanto, a demanda para os serviços de manutenção praticamente triplica, sendo entre 15 e 20 atendimentos por mês. A maioria dos nossos clientes são aqueles segundos donos dos carros blindados. Os de classe B que realizam serviços de troca de vidros, portas e até pneus. Afinal, até eles sofrem blindagem e quando trocados passam por nós”, explica Ana Paula.

Faturamento – Ela revele que 70% de seus clientes já passaram por alguma situação de risco ou violência.

“Por isso que é um mercado muito oscilante em se tratando de faturamento. Infelizmente a grande maioria não contrata os nossos serviços de forma preventiva”, avalia a sócia gerente da Prosafety, informando que seu faturamento oscila de R$ 150 mil a R$ 400 mil.

Fonte: Jornal o Fluminense

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