O carro herói

Veículo blindado salvou a vida dos filhos do empresário

Thomas Traumann

O empresário Jorge Paulo Lemann: depois da tentativa de seqüestro, foi embora com as três crianças para Miami

Foto: Marcos Guiao

O empresário Jorge Paulo Lemann, ex-dono do Banco Garantia e um dos homens mais ricos do Brasil, fez fama e fortuna em seguidos e excelentes investimentos. Mas nenhum dinheiro lhe deu tanto retorno quanto os 32.000 dólares que pagou pela blindagem de um carro para transportar seus três filhos: Marc, de 7 anos, Lara, de 6, e Kim, de 3. Na terça-feira 9, o revestimento à prova de bala passou por um teste e foi aprovado. O carro, um Passat importado, foi encurralado a caminho da escola das crianças numa rua da cidade de São Paulo. Dois homens, armados de revólveres e pistolas, mandaram o motorista abrir a porta. Não atendidos, começou a artilharia. Foram quinze disparos — oito contra o vidro do motorista. Num automóvel normal, a primeira das balas de grosso calibre que foram disparadas atravessaria a janela e o motorista José Aureliano dos Santos. Depois, era só pegar as crianças, já que o ataque tinha todas as características de uma tentativa de seqüestro. No dia seguinte ao atentado, Lemann viajou com a família para os Estados Unidos e ninguém precisa ouvi-lo para saber o que está sentindo neste momento: pânico e ódio. É uma sensação compartilhada por todos os moradores das grandes cidades brasileiras. A criminalidade age de maneira tão solta e desimpedida que, no Brasil, se vive um clima próximo da histeria em matéria de segurança nas ruas. O medo de ser assaltado foi substituído pelo medo de ser assassinado num assalto. Quem tem dinheiro para viver em lugar mais protegido se fecha em condomínios com circuito interno de TV. Existem no Brasil 2,5 milhões de casas com algum equipamento para prevenção de assalto e 1 milhão de pessoas trabalhando como seguranças. É um mercado que cresce à taxa de 30% ao ano. Casa protegida, o que fazer quando se está no carro? Segundo as estatísticas, o risco de alguém ser assaltado dentro do automóvel é quatro vezes maior do que quando está em casa. A esmagadora maioria das pessoas, que faz conta para pagar a prestação do carro, toma algumas parcas precauções, como não parar no sinal vermelho durante a madrugada, e reza. Um grupo que cresce cada vez mais começa a lotar os galpões das empresas de blindagem de veículos.

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