Caminhões blindados, contra roubo de cargas

O crescimento dos assaltos a caminhões fez nascer um novo serviço: a blindagem de veículos pesados. Os crimes acontecem em todo o Brasil, mas se concentram principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde aconteceram 75% dos mais de 12 mil roubos de carga no ano passado. Um prejuízo de quase R$ 1 bilhão.
Muitas empresas estão blindando os caminhões para tentar reduzir os assaltos. Um gasto que passa de R$ 50 mil. Quem não pode pagar esse preço torce para não ser mais uma vítima dos assaltantes.
As estradas mais visadas são a BR-101 e a BR-116. Só no estado de São Paulo, de janeiro a março de 2009 foram quase 1,9 mil assaltos. Atualmente, as cargas mais visadas são as de produtos eletrônicos, autopeças, metais, tecidos e remédios.
Caminhoneiros que passam a noite na beira da estrada estão entre as principais vítimas. Dentro da capital paulista, a região da Rua 25 de Março, no Centro, é escolhida pelas quadrilhas por causa do movimento de carga e descarga.

No Rio de Janeiro, o caminhoneiro Jorge Amauri Pistori conta que só escapou porque ficou calmo o tempo todo. “Levei o carro até o local que foi pedido. Vieram os outros. Como era uma carga de vaso de flores não havia interesse. Acabei sendo liberado e o caminhão também”.
Ele ia para o Mercado São Sebastião. Sabia que era um trajeto em que os assaltos são frequentes, mas foi pego de surpresa no meio de um engarrafamento.

Em alguns casos, a ação dos criminosos é semelhante. Eles se aproximam do caminhão em um trecho de estrada entre uma cidade e outra. Assaltantes encapuzados atacam pela lateral. Rendem o motorista, que é obrigado a desviar para uma via paralela, com menos movimento e pouca iluminação, onde a mercadoria é descarregada e transportada pelos bandidos.
Uma empresa, que trabalha com a blindagem de carros, investiu em uma linha para caminhões e tem recebido muitos pedidos.
“Tive uma encomenda grande de uma rede que transporta remédios e tem uma rede de farmácias grandes em todo Nordeste. Eles encomendaram dizendo que foi uma exigência da companhia de seguros para continuar fazendo seguro das cargas”, destaca o dono da empresa.
Aprovação
Para fazer a blindagem, a carroceria do caminhão é desmontada e as peças são revestidas com o mesmo material do colete a prova de balas. Os vidros são substituídos por outros três vezes mais grossos.
Todo material deve ser aprovado pelo Exército. Além disso, a fábrica de blindagem sempre faz testes do lote, para ter certeza de que ele resiste ao impacto de até cinco tiros. O vidro também passa no teste. Se o caminhão blindado for alvo de assaltantes, volta para manutenção.
As transportadoras investem na transformação, mas dizem que as leis também precisam mudar. “A pena é muito branda para o receptador, que é a força motriz do roubo de carga. Se conseguirmos neutralizar a ação dos grandes receptadores, seguramente esses números alarmantes de roubo de carga no país cairão”, comenta Paulo Roberto Souza, da Associação Nacional de Transporte de Cargas.
A Polícia Civil do estado de São Paulo informou, em nota, que desenvolve trabalho sistemático de combate a grupos especializados em roubo de cargas e aos receptadores. A Polícia Rodoviária Federal disse, também em nota, que trabalha em parceria com as secretarias de segurança dos estados.

Fonte: Guia do Vidro

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